quinta-feira, 21 de abril de 2011

Paul Bloom e Mentalismo como forma infantil de raciocínio

"A bola me bateu. Ela é feia e má!"

Paul Bloom e Mentalismo como forma infantil de raciocínio



Paul Bloom, um psicólogo de Yale, defende uma tese interessante sobre o desenvolvimento do intelecto.


Baseado em experimentações e observações de crianças de diversas idades e culturas, Bloom defende que o dualismo e personalismo são um "modo infantil de raciocínio".


Dualismo: a crença de que tudo que existe tem uma correspondência não-física. Pode ser um espírito, eu ou mente. Ex: "Meu amigo imaginário é na verdade uma fada que vem de um mundo mágico, diferente deste que vivemos".

Personalismo: a crença de que tudo que existe é uma pessoa, tem consciência, intenções, sentimentos, vontades, etc. Ex: "Se choveu, é porque a nuvem quis me molhar".


Se você somar o Dualismo e o Personalismo, temos uma versão do Mentalismo (Que ocorre mesmo antes dela saber falar, o que indica que não foi aprendido culturalmente).


Ex: Se Joãozinho, de 2 anos, tropeça na cadeira, agride esse objeto e grita: "Cadeira má!". Joãozinho vê a cadeira como um sujeito, portador de intenções.


A conclusão de Bloom é que todos somos naturalmente mentalistas na infância, por uma questão desenvolvimental de pouca sofisticação intelectual nessa época.


A medida que amadurecemos, prossegue Bloom, o dualismo vai sendo gradativamente substituído por uma visão monista de mundo ("Estou conectado, sou parte do mundo, que é aqui e agora"); e analogamente, o Personalismo vai sendo substituído por uma compreensão de que as coisas podem também ocorrer, costumeiramente, de forma meramente contingencial, através de concatenações de eventos ("Se uma enchente destruiu a cidade isso tem a ver com diversos fatores, mas não tem a ver com um homem mau que mandou a chuva").


Assim como Piaget disse que a criança adquire o conceito de"permanência do objeto" a medida que amadurece, Bloom diz que o pensamento monista e contingencial tende a substituir a forma infantil de intelecto (dualista e personalista).


Agora, uma reflexão minha: será que isso ocorre com todas as pessoas? 


No caso de não (e acho que não mesmo!), pensei em 3 desdobramentos desse modo infantil de pensar em adultos:


1) Bloom defende que a religião pode ser amplamente explicada por uma persistência desse modo infantil de pensar (Na qual Deus ou afins preenchem as lacunas dualistas e personalistas). 


2) Da mesma forma, às vezes uma pessoa adulta e inteligente pode dar uma de criança, e chutar uma máquina que não funciona, dizendo:"Essa máquina maldita! Que idiota que ela é".


3) Não só a religião, mas boa parte da Filosofia e da Psicologia também é devedora a isso que Bloom identificou, creio. Afinal, a maior parte de nossa tradição intelectual é mentalista (dualista e personalista).

fonte: http://olharbeheca.blogspot.com/2011/03/paul-bloom-e-mentalismo-como-forma.html

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